TANAKH – BERESHIYT (GÊNESIS) CAP. 1
Expressões ou palavras entre colchetes referem-se a traduções alternativas possíveis no idioma hebraico.
Parêntesis são utilizados para palavras que não aparecem no texto hebraico, mas que são corretamente subentendidas pela construção verbal ou ortografia hebraica.
1 – No princípio criou Ulhim os céus e a terra.
"Ulhim" é o título original hebraico usado pelo povo judaico significando "O Criador Eterno". Em fonemas da língua portuguesa deve-se pronunciar "UL-RIM", com a tônica na sílaba "RIM". "Ulhim" é a forma uni-plural, que pode ser usada tanto para singular como para plural, embora também ocorra a forma singular pura "UL". A influência pagã alterou a pronúncia para "ELOHIM" e para "EL", devido aos cultos pagãos primitivos de "EL". "ELOHIM" é má leitura de "ULHIM" como "EL" é má leitura de "UL". A palavra "Shamaiym" em hebraico significa "céus", sempre no plural. Ao encontrar a palavra céu, no singular, nas traduções, devemos desconsiderar, pois em hebraico só existe a forma plural "céus". Também devemos considerar a palabra "bereshiyt" como traduzível por "no princípio", em relação à criação, pois obviamente o Criador é Eterno e anterior a qualquer fato, em especial à sua própria obra de criação.
2 – E a terra estava um caos absoluto; havia treva sobre a face do abismo, e o RUKHA Ulhim movia-se [pairava] por sobre as águas.
Considera-se uma lacuna temporal entre o primeiro verso e o segundo, com base em que "tôhu vabôhu" (caos absoluto) não faz parte da perfeição com que Ulhim age na criação. A rebelião do "mimshakh kerub" (querubim ungido) teria ocorrido nesta lacuna, cujo relato em Kozoqiul 28:11-19 comprova as razões para "tôhu vabôhu". Alguns autores consideram "tôhu vabôhu" apenas como uma fase inacabada da criação, contudo a expressão "caos abosoluto" indica desordem, falta de harmonia, como algo que teve causa, e não apenas um processo em andamento, uma vez que a harmonia de ULHIM não pode dar origem à desarmonia caótica.
RUKHA Ulhim é o terceiro Ser Eterno Criador mencionado nominalmente nas escrituras. RUKHA é a pronúncia correta arcaica, e não o moderno "Ruach" dos dias atuais. Este Nome do terceiro Ser Eterno Criador deve ser pronunciado como RÚRRA, sendo que o "R" inicial se pronuncia como um "R" intermediário, como na palavra "CARO". Pegue a sílaba "RU" da palavra "ARUBA", junte com a sílaba "RA" da palavra "RADAR" e você terá a pronúncia correta deste Nome.
3 – E disse Ulhim: Haja luz. E houve luz.
Este verso possui um sentido totalmente espiritual, uma vez que os "grandes luzeiros" só serão criados nos versos 14, 15 e 16. Esta é luz num sentido espiritual e não luz visível natural.
4 – E viu Ulhim que a luz era boa, e separou [diferenciou, distingüiu] Ulhim a luz, das trevas.
Luz são todos os princípios espirituais aderentes à sabedoria e vontade de Ulhim. Trevas são todos os princípios espirituais não aderentes à sabedoria e vontade de Ulhim. Aqui Ulhim estabelece distinção entre os princípios espirituais de luz e os princípios espirituais de trevas.
5 – E chamou Ulhim à luz, Dia, e às trevas, chamou Noite. Houve tarde e houve manhã, o dia um.
Dia e noite, aqui, possuem também um sentido espiritual, uma vez que o poente e o nascente do "grande luzeiro" é que determinarão os dias naturais, a partir do verso 16. A ausência dos ciclos de claridade e escuridão naturais, que só existirão a partir da criação do "grande luzeiro", nos indica com clareza o sentido espiritual deste conceito. É também interessante observar que "houve tarde e houve manhã", quando o "grande luzeiro" ainda não havia sido criado, o que aponta para um conceito de duração de um dia pré-determinado, e não ocasional em função da futura rotação da terra, com nascente e poente do "grande luzeiro". Ulhim Se mostra, assim, também soberano sobre o tempo.
6 – E disse Ulhim: Haja um firmamento [abóbada] no meio das águas, e haja separação entre águas de águas.
O conceito de firmamento é nitidamente de separação. "Águas de águas" aqui representam o reino espiritual e o reino natural físico. A parte interna do firmamento contém o reino natural material. A parte externa, todo o reino espiritual. Além do sentido espiritual, podemos atribuir aqui também um sentido físico, melhor entendido pela ocasião do dilúvio quando as águas sobre o firmamento descerão para cobrir toda a terra.
7 – Fez, pois, Ulhim, o firmamento [abóbada], e separação entre as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento. E assim se fez.
Novamente aqui o conceito de "debaixo do firmamento" evidencia a envoltura do reino natural físico, que se encontra "debaixo do firmamento". Entende-se melhor ao comparar com Atos 7:56 na visão dos "céus abertos" ou do "firmamento aberto", onde foi possível enxergar o que se encontrava no reino espiritual, por trás do firmamento, somente devido a uma abertura momentânea deste. Esta mesma experiência é relatada em outros textos das escrituras, igualmente.
8 – E chamou Ulhim ao firmamento [abóbada], Céus. Houve tarde e houve manhã, o dia segundo.
Céus, aqui, explicita a camada limítrofe do reino natural físico, que o separa de qualquer percepção natural do reino espiritual. Os corpos celestes, como os luzeiros e as "cocavim" (corpos celestes com luz própria), ainda não foram criados até este momento. Esta já é a preparação para uma percepção espiritual exclusivamente pela fé.
9 - E disse Ulhim: Juntem-se as águas debaixo dos céus a um lugar, e apareça a terra seca. E assim se fez.
Esta é a formação física do oceano e da terra seca. O uso do singular para "um lugar" e também para "a terra seca" sugere uma geografia inicial diferente da atual.
10 – E chamou Ulhim à terra seca, Terra, e ao lugar das águas, Mares. E viu Ulhim que isso era bom.
Ulhim continua a dar nomes aos componentes de Sua criação, como já havia feito anteriormente com a luz (dia-yôm), as trevas (noite-laylah) e o firmamento (céus-raqiya).
11 – E disse Ulhim: Arrelve-se a terra com relva, ervas produzindo semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez.
Aqui tem início a fase viva da criação, com os vegetais; Ulhim evidencia Seu caráter supridor, preparando todo o ambiente terreno para a futura habitação do ser humano.
12 – E produziu, a terra, relva, ervas que davam semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto, cuja semente estava nele, conforme a sua espécie. E viu Ulhim que isso era bom.
Conforme Ulhim diz, cada componente da criação vem a existir.
13 – Houve tarde e houve manhã, o dia terceiro.
14 – E disse Ulhim: Haja luzeiros no firmamento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinalizar, para épocas, para dias e anos.
Ulhim aqui estabelece os "marcadores de tempo", sobre uma medida de tempo pré-estabelecida no verso 5. Ficam, assim, demarcados os períodos do tempo terreno. "Atêth" nos antecipa todo o processo de orientação na navegação. A forma de interpretação de "atêth" aqui se limita à esta orientação de navegação, uma vez que quaisquer prognósticos, adivinhações ou ações decisórias, baseados em sinalização de luzeiros, serão, mais adiante, explicitamente reprovados. (Deut. 18)
15 – E sejam para luzeiros no firmamento dos céus, para luzirem sobre a terra. E assim se fez.
Ulhim expõe em Sua criação a grandeza do Seu poder e esplendor.
16 – Fez Ulhim os dois luzeiros grandes: o luzeiro maior para governar o dia, e o luzeiro menor para governar a noite; e fez também as "cocavim" (corpos celestes com luz própria).
As escrituras contrariam as versões científicas da terra ter se originado a partir de uma explosão do "grande luzeiro", uma vez que a terra é pré-existente ao "grande luzeiro". De acordo com as escrituras, os "grandes luzeiros" e as "cocavim" (corpos celestes com luz própria) foram criados posteriormente à "ha-aretz" (a terra). Note que a palavra "estrela", na língua portuguesa, tem origem idolátrica a partir do ídolo "Ishtar", mais evidente no idioma inglês, sendo por isso hifenizado no texto em português.
17 – E os colocou, Ulhim, no firmamento dos céus, para luzirem sobre a terra,...
A maravilha do poder criador de Ulhim, bem como Sua sabedoria e conhecimento, são manifestos agora, de dia e de noite. Se por um lado a idolatria se maravilha com os luzeiros em si, as escrituras apontam para o Criador das maravilhas.
18 – ...e governarem de dia e de noite e fazerem separação entre a luz e as trevas. E viu Ulhim que isso era bom.
19 – Houve tarde e houve manhã, o dia quarto.
20 – E disse Ulhim: pululem as águas de pequenos animais [répteis], seres viventes; e voem aves sobre a terra, na face do firmamento dos céus.
Prossegue a fase viva da criação, agora com os animais aquáticos e aves. "Peney raqiya ha-shamaiym" desenha com palavras as aves voando tendo o firmamento como "pano de fundo". "Sheretz" pode ser traduzido como "réptil", e também é uma palavra genérica para "pequenos animais".
21 – E criou Ulhim os grandes dragões [crocodilos], e todo ser vivente réptil, os quais pulularam as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas espécies. E viu Ulhim que isso era bom.
"Taniynim" possui tradução de "dragão" ou de "crocodilo". Algumas traduções procuram poetizar o texto com uma tradução menos literal, divergindo para "baleias" (leviathan) ou "grandes animais marinhos", palavras estas que não estão presentes no texto original.
22 – E abençoou-os Ulhim ao dizer: Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e as aves se multipliquem em terra.
Ulhim criou vida que produz vida. A maravilha da multiplicação da vida é aqui exposta. Toda vida deve se multiplicar e produzir mais vida.
23 – Houve tarde e houve manhã, o dia quinto.
24 – E disse Ulhim: Produza a terra criatura [ser] vivente, conforme a sua espécie; fera [animal selvagem], réptil, o que vive na terra, segundo a sua espécie. E assim se fez.
As traduções mais literais para "behemah" são: "fera", "besta", "bicho", "animal".
25 – E fez Ulhim os que vivem na terra, segundo a sua espécie, as feras [animais selvagens] segundo a sua espécie, e todos os répteis do solo, segundo a sua espécie. E viu Ulhim que isso era bom.
26 – E disse Ulhim: Façamos um homem [ser humano] à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, as aves dos céus, os animais, toda a terra e todos os répteis que rastejam sobre a terra.
"Adam", o ser humano. Adam não é um nome próprio dado ao primeiro homem, mas sim a palavra hebraica que significa "ser humano", "o homem". A maioria das traduções passaram a se referir ao primeiro ser humano como se seu nome fosse "Adão", o que é incorreto, pois extraíram este nome do hebraico "adam" que significa apenas "ser humano", não sendo um nome próprio pessoal. Adiante, no capítulo 5 verso 2 veremos que ambos, o homem e a mulher são chamados "adam" como nome genérico da espécie. "Adam" se origina da palavra "adamah" que significa "solo", "chão", "terreno", de onde o ser humano foi feito. É fato, também, que alguns versos citam "adam" com referência ao varão somente, o que ainda não se constitui base para considerarmos "adam" como um nome próprio. Aqui também observamos o homem sendo criado segundo "tzelem" e "demuth" (imagem e semelhança) do Criador.
27 – E criou Ulhim o homem [ser humano] à Sua imagem, à imagem de Ulhim o criou; macho e fêmea os criou.
Aqui vemos, de forma mais clara, a utilização da palavra "adam" como ser humano, pois a escritura se refere aqui a um "adam macho" e um "adam fêmea".
28 – E abençoou-os Ulhim e disse-lhes Ulhim: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, as aves dos ares e toda criatura [ser] vivente que se move sobre a terra.
Aqui, além da benção multiplicadora de vida, o ser humano recebe autoridade sobre toda a terra e sobre todos os animais. Fica estabelecido aqui o governo do ser humano sobre a terra.
29 – E disse Ulhim ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.
Ulhim estabelece aqui a alimentação do homem, preparada de antemão. No estado de pureza do homem, antes do pecado, não havia previsão de morte de animais para alimentação do homem. Não havia necessidade de derramamento de sangue para tal finalidade.
30 – E a todos os viventes da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.
Também a alimentação dos animais não previa derramamento de sangue, antes do pecado do homem. A natureza do homem e de toda a terra, no estado de inocência, não incluía morte, derramamento de sangue.
31 – Viu Ulhim tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e houve manhã, o dia sexto.
Ulhim conclui aqui Sua criação, após a criação do ser humano e estabelecimento de sua alimentação no estado de inocência.
TANAKH – BERESHIYT (GÊNESIS) CAP. 2
Expressões ou palavras entre colchetes referem-se a traduções alternativas possíveis no idioma hebraico.
Parêntesis são utilizados para palavras que não aparecem no texto hebraico, mas que são corretamente subentendidas pela construção verbal ou ortografia hebraica.
1 – Assim foram concluídos os céus e a terra, e todo seu exército [hoste, milícia].
A criação do homem completa a milícia (exército), agora com um ser feito à própria imagem do Criador. Nenhum outro ser será posteriormente criado por Ulhim, depois do ser humano. Os demais seres espirituais, a serem revelados em textos posteriores das escrituras, não possuem imagem nem semelhança de Ulhim, embora tenham sido criados antes do ser humano, e também componham a referida milícia (exército). Nota-se aqui a preparação para uma guerra a ser travada, evidenciada por "exército".
2 – E terminou Ulhim no dia sétimo Sua obra a qual realizou; e Ele descansou no dia sétimo de toda a Sua obra a qual realizou.
3 – E Ulhim abençoou o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua obra, a qual criou Ulhim, concluindo-a [realizando-a].
Ocorrência #1 do Nome Pessoal do Criador
4 – Esta é a história dos céus e da terra na criação, no dia em que fez, YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, terra e céus.
Pela primeira vez o Criador é mencionado nominalmente nas escrituras. Antes deste verso, somente o título Ulhim foi utilizado. A partir de 2:4 o Criador passa a ser mencionado pelo Seu Nome, "YAOHUH (IÁORRU)", a correta transliteração literal portuguesa do Tetragrama. O Nome "YAOHUH (IÁORRU)" será doravante encontrado, podendo, ou não, ser acompanhado de títulos. "YAOHU", se pronuncia "IÁORRU" em fonemas da língua portuguesa. O texto hebraico apresenta o Nome, excepcionalmente com sinais massoréticos, para esclarecer e enfatizar a pronúncia correta.
Ocorrência #2 do Nome Pessoal do Criador
5 – E nenhum arbusto do campo havia ainda na terra, e nenhuma erva do campo havia ainda germinado, porque YAOHUH (IÁORRU) Ulhim não havia feito chover sobre a terra, e homem [ser humano] não havia para lavrar [cultivar] o solo.
A palavra "solo" é tradução da palavra "adamah" hebraica, de onde a palavra "adam" (homem, ser humano) se origina. De forma mais significativa, poderiamos traduzir "adam" por "formado do solo".
É muito importante notar aqui, que mesmo antes da queda, ainda no estado de inocência, era esperado um trabalho do ser humano quanto a cuidar da terra. Tal trabalho, de natureza prazerosa, isento de peso de maldição, visava principalmente evidenciar que nenhuma harmonia provém do acaso, mas sempre de uma ação determinada de construí-la e mantê-la. O verso 15, adiante, confirmará este conceito. Além disso, como princípio estabelecido, o trabalho prazeroso será também esperado do homem em seu estado de redenção, pelas mesmas razões aqui destacadas.
Aqui a construção em português necessitou ser ajustada para uma melhor composição do que seria literalmente "e todo arbusto do campo ainda não havia na terra", e também "e toda erva do campo ainda não havia germinado".
6 – E uma fonte [manancial] brotou da terra e alagou [embebeu] toda a face do solo.
Ocorrência #3 do Nome Pessoal do Criador
7 – E modelou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim o homem [ser humano], barro [pó] do solo, e soprou em suas narinas o fôlego de vida; e o homem [ser humano] se tornou um ser vivente.
Aqui vemos com mais clareza a relação entre "adamah" e "adam". "'Aphar min-ha-adamah", o "barro do solo" do qual o homem foi feito.
É ainda de interesse observar que na sequência do relato, o homem foi criado após um alagamento do solo, o que traz maior compreensão em considerarmos "barro do solo" com preferência sobre "pó do solo", como encontrado em outras traduções.
Ocorrência #4 do Nome Pessoal do Criador
8 – E plantou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim um jardim em Éden, na direção do oriente, e colocou ali o homem [ser humano] que formou.
"Gan" significa "jardim". "'Eden" significa "prazer", "delícia". "Jardim em Prazer" seria uma tradução totalmente literal, não fosse a preposição que exprime a idéia de localização "Jardim em Éden", evidenciando ser "Éden" um nome próprio de lugar. A expressão "gan-'eden", sem a preposição, significa "paraíso", cujo conceito não está distante do que o texto aqui quer transmitir. Optamos aqui pela forma "jardim em Éden", porque estas duas palavras serão usadas separadamente adiante, mas podemos considerar também, conceitualmente, a forma mais literal.
Ocorrência #5 do Nome Pessoal do Criador
9 – E fez brotar YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, do solo, toda árvore de aspecto desejável e boa para comer; e a árvore das vidas, em meio ao jardim [em pleno jardim], e a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Aqui se inicia a disponibilidade de escolha para o homem. Presentes ao jardim, a vida, representada pela árvore das vidas, e a morte, representada pela árvore do conhecimento do bem e do mal. Vida e morte ao alcance da escolha do homem. Esta escolha entre morte e vida se perpetuará por toda a escritura, apresentada de diferentes formas, mas sempre mantendo o fundamento básico da escolha.
A expressão "em meio ao jardim" ou "em pleno jardim" ocorre depois da referência à árvore da vida. Significa sua presença entre as muitas outras árvores também lá presentes. Não representa uma localização física desta árvore, senão a simples presença dela como parte do jardim. Mais adiante veremos uma referência física de "centro" com relação à árvore do conhecimento do bem e do mal, que aqui não foi expressa, senão no capítulo 3 verso 3.
O original hebraico apresenta "vidas" no plural como "árvore das vidas", e não no singular como "árvore da vida", certamente em harmonia com Ranodgalut (Apocalipse) 22:2 que diz: "...e as folhas da árvore são para a cura das nações". É uma árvore para todas as vidas que dela se alimentarão.
10 – E um rio saía de Éden para banhar o jardim; e dali se dividia tornando-se em quatro nascentes [cabeceiras].
11 – O nome do primeiro é Piyshon que percorre [rodeia] toda a terra de Khaviylah, onde há ouro;
Piyshon se pronuncia "Pii-chôn", e Khaviylah se pronuncia "Ra-vii-lá".
12 – E o ouro desta terra é bom; há âmbar [bdélio] e pedra ônix.
13 – E o nome do segundo rio é Guiykhon; aquele que percorre [rodeia] toda a terra de Kush.
Guiykhon se pronuncia "Gui-rron". Algumas traduções apresentam Kush como a atual Etiópia, de forma meramente interpretativa; contudo, o texto original apresenta Kush somente.
14 – E o nome do terceiro rio é Khideqel; aquele que corre ao oriente de Ashur. E o quarto rio é Phrat.
Algumas traduções apresentam Assíria, impondo erroneamente tradução a nome próprio de lugar, embora "Ashur" seja o vocábulo usado no texto original. Do mesmo modo, Eufrates é corrupção do nome original "Phrat". Também o rio Khideqel (Ri-de-quel) é apresentado em algumas traduções pelo nome de "Tigre", o que é tentativa indevida de traduzir nomes próprios. O texto apresenta "Khideqel", como é o seu nome original hebraico.
Ocorrência #6 do Nome Pessoal do Criador
15 – E YAOHUH (IÁORRU) Ulhim tomou o homem [ser humano], e o colocou no paraíso, para o cultivar e o guardar.
Aqui a expressão "gan-'eden" aparece sem a preposição do verso 8, trazendo definitivamente o conceito de "paraíso" ao local de habitação do ser humano. É, literalmente, o "Jardim-Prazer".
Ocorrência #7 do Nome Pessoal do Criador
16 – E ordenou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim ao homem [ser humano], ao dizer: De toda árvore do jardim certamente comerás.
A forma de reforço verbal usada aqui para o verbo comer é a mesma utilizada no verso seguinte para o verbo morrer. O advérbio "certamente" dá mais sentido em português para o que seria em hebraico, literalmente, "comerás, comerás", enfatizando o verbo. Diversos advérbios podem ser subentendidos nesta formação verbal hebraica, desde que sejam sempre um reforço para a ação do verbo, como por exemplo: "verdadeiramente comerás", "de fato comerás", "com certeza comerás", etc., lembrando sempre que tais advérbios não estão escritos no texto, mas são subentendidos pela construção verbal hebraica.
17 – E da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás dela, pois no dia em que comeres dela, certamente morrerás.
O homem é aqui colocado em plena liberdade, com direito de escolha, com exercício de opção. Novamente a forma de reforço verbal é utilizada com relação ao verbo morrer, o que literalmente seria "morrerás, morrerás", enfatizando o verbo.
Ocorrência #8 do Nome Pessoal do Criador
18 – E disse YAOHUH (IÁORRU) Ulhim: Não é bom que o homem [ser humano] viva só; farei para ele ajuda [companheira] diante dele [frente a ele].
Ver nota do verso 20.
Ocorrência #9 do Nome Pessoal do Criador
19 – E formou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, do solo, todos os animais do campo, e todas as aves dos céus; e os trouxe ao homem [ser humano] para ver como os chamaria; e do modo pelo qual o homem [ser humano] chamou cada ser vivo, assim foi o nome.
Aqui Ulhim faz passar cada ser vivente diante da observação do ser humano, não somente para concluir a denominação de cada componente da criação, mas, em especial, para a constatação do homem de que nenhum ser vivente seria semelhante a ele, ou poderia formar par perfeito com ele.
20 – E chamou [denominou] o homem [ser humano] a todas as feras [animais selvagens, quadrúpedes], e às aves dos céus, e para todo animal do campo; e para o homem [ser humano] não se achava ajuda [companheira] diante dele [frente a ele].
A palavra "neged" literalmente significa "diante de", "em frente"; contudo, é viável uma tradução menos literal, considerando que todos os animais foram identificados pelo homem, um por um, e nenhum deles se assemelhava ao homem para ser companheiro, como par perfeito. Assim, podemos traduzir de forma menos literal para "não se achava companheira semelhante a ele", ou ainda, "não se achava companheira que formasse par com ele".
Ocorrência #10 do Nome Pessoal do Criador
21 – E fez descer YAOHUH (IÁORRU) Ulhim um sono [letargo] sobre o homem [ser humano], e este adormeceu; e Ele tomou uma de suas costelas, e fechou a carne ali.
Ocorrência #11 do Nome Pessoal do Criador
22 – E formou YAOHUH (IÁORRU) Ulhim, da costela que tinha tomado do homem, uma mulher, e a trouxe ao homem.
Até este ponto não havia definição escritural sobre quem teria sido criado em primeiro lugar, se o ser humano macho ou o ser humano fêmea, uma vez que as escrituras se referiam apenas ao homem genericamente, como ser humano (adam). Aqui fica esclarecido que o segundo ser humano, formado a partir da costela do primeiro, foi uma mulher, sendo portanto, o primeiro ser humano, um varão.
23 – E disse o homem: Esta aqui, esta vez, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; e esta aqui se chamará mulher, porque do homem [varão], esta aqui foi tirada.
O homem apenas levou a palavra "'ish" (homem,varão) para o feminino "'ishah" (varoa, mulher), uma vez que ela havia sido criada a partir dele. Do mesmo modo pelo qual "adam" era uma denominação genérica para o ser humano, agora "'ish" e "'ishah" são denominações genéricas separadamente para os varões e varoas, não sendo ainda um nome próprio individual. "'Ish" e "'ishah" são traduzidos diretamente como "homem" e "mulher", não sendo, portanto, nomes próprios. Neste verso a palavra "adam" foi usada com referência ao ser humano varão, como se percebe pelo próprio sentido do texto. A expressão da frase do ser humano varão nos transmite claramente o sentido menos literal de "agora sim eu tenho um par", depois de ter observado cada ser vivente, um por um.
24 – Por isso deixa um homem seu pai e sua mãe; ele se une à sua mulher e tornam-se uma (só) carne.
O homem tem em sua mulher a sua própria carne. A mulher feita a partir do homem é, de fato, continuação de sua carne. O texto hebraico utiliza apenas a palavra "ekhad" que em si já expressa a quantidade "um"; a palavra "só" vem entre parêntesis em português para enfatizar o sentido de "única", embora "ekhad" seja suficiente para expressar tal sentido em hebraico, neste caso.
25 – E estavam os dois nus, o homem e sua mulher, e não se envergonhavam.
Aqui a palavra "adam" foi usada para se referir ao ser humano varão, e não foi utilizada a palavra "'ish" (homem), embora a palavra usada para o ser humano fêmea tenha sido a mesma utilizada pelo homem, a saber: "'ishah" (mulher).